sábado, 4 de fevereiro de 2012

E agora José?

Nunca poderia imaginar a encrenca em que eu estava me metendo.

É sério. E bastante sincero também.

Aliás, esta é uma postagem sincera, destinada aos amigos que visitam este blog e a quem eu devo muito.

Quando fiz este blog, há dezoito meses, tudo o que eu queria era voltar a escrever e se no processo acabasse ganhando um gibis de graça, ótimo.

Mas na prática o que aconteceu foi bem diferente.

Este blog me apresentou um monte de gente. Gente de São Paulo, com quem sempre bato papos deliciosos, gente da Bahia e de Minas, que tomei por irmãos, gente do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro…

amigos

Este blog me apresentou os quadrinhos do país inteiro e foi indicado ao HQMix (por essa eu realmente não esperava), minhas resenhas criaram amizades e estreitaram as já existentes, sabe-se lá como, atravessaram o mar e foram publicadas em Portugal (com português de lá, ora pois sim), viraram releases oficiais e apareceram até em orelha de livro.

E quando percebi, estava novamente me acostumando com o apelido resgatado da infância. Aqui em casa, no teatro e no trabalho, todos me conhecem e me chamam de Will, apelido que aboli quando criei o GR, afinal, já existia um cara com esse nome nos quadrinhos. Achava que no máximo uma meia dúzia de pessoas me chamariam de Lillo…

Mas da infância, não foi apenas o apelido que foi resgatado. O GR também resgatou alguns sonhos e me deu a oportunidade de realizá-los.

Aos 14 anos eu sabia que um dia seria ator. Era uma certeza.

E fui durante 20 anos, metade da minha vida.

Mas aos 11, tudo o que eu queria era ser desenhista de gibi. O tempo se encarregou de me mostrar que eu desenhava mal pra cacete. A vida se encarregou do resto e o tal sonho ficou guardado dentro daquelas caixas empoeiradas da memória, as mesmas que dificilmente abrimos. E quando a abrimos apenas percebemos que envelhecemos, nos defendendo da frustração de um um sonho perdido com a clássica frase “como eu era besta, imagina, ser desenhista de gibi!”.

assinandoComo disse, eu desenho mal. Mas escrevo bem, ao que parece.

E o GR – de uma maneira estranha – acabou levando meu nome às páginas de um gibi.

E esse é o principal motivo desta postagem.

2011 foi um ano fantástico, mas 2012 já começou chutando a porta.

Ainda no FIQ, sob o efeito do lançamento de Sonho de Uma Noite de Verão, fui surpreendido pelo amigo (e meu editor) Wellington Srbek com um novo convite. Ele me perguntou se eu estaria interessado em escrever um segundo volume para a coleção Shakespeare em Quadrinhos. É claro que eu estava.

E foi assim que me enfiei na produção de A Tempestade, a última peça do dramaturgo inglês. A vítima da vez em me aturar e dar forma às minhas pirações é o excelente Jefferson Costa.

Só que a coisa não pára por aí. Eu e o Will (isso vai dar uma confusão na noite de autógrafos) temos um trampo pra fazer nesse ano.

E já tá pintando alguns outros projetos.

Ou seja, não me tornei desenhista de gibis como queria na tenra infância, mas definitivamente acabei virando um roteirista. Pelo menos enquanto as pessoas continuarem acreditando e gostando do meu trabalho.

Mas isso tem um preço. E para minha infelicidade, ele não é baixo.

Por conta dos compromissos, o GR vai precisar mudar. Ficou praticamente impossível tratá-lo com o carinho e periodicidade que eu gostaria.

Então tive que fazer algumas escolhas.

O GR não vai sumir, mas vai mudar o foco.

Minhas resenhas semanais continuarão existindo, mas agora serão publicadas apenas no Quadro a Quadro.

Já no GR as atualizações não serão tão frequentes, embora eu espere publicar algo ao menos quinzenalmente. E confirmando uma tendência que permeou minhas publicações em 2011, o GR vai, prioritariamente, falar sobre o mercado independente.

E o espaço continuará democrático. Então, ao pessoal de quadrinhos que estiver interessado em divulgar seu trampo, basta enviar o material para gibirasgado@gmail.com.

Peço desculpas a todos e agradeço sinceramente aos amigos que acompanharam o GR durante esse tempo todo, embora conte também com a presença de vocês nessa nova fase.

E é isso. E agora chega, porque sou chorão…