Acabei de ler A Busca ( Eric Heuvel – Ruud van der Rol – Lies Schippers ), da Quadrinhos na Cia. O gibi não estava na minha lista de aquisições de julho mas praticamente caiu em meu colo. Como nunca fui de deixar de ler um gibi, aproveitei.
Confesso que esperava mais.
A Cia das Letras tem contribuído em muito com o mercado de quadrinhos nacional. Basta ver a recente publicação de Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho. Preferências à parte, foi um ato editorial corajoso e ainda vamos ter que esperar algumas dezenas de meses para avaliar o impacto disso nas demais editoras e como elas se comportarão com os talentos nacionais.
Isto posto, voltemos ao bom A Busca.
O gibi conta a história de uma menina de 16 anos e sua aventura na fuga pela sobrevivência num mundo que estava totalmente fora de controle. No caso a Alemanha nazista, uma menina judia e os infames campos de extermínio de Hitler.
O roteiro é desenvolvido à partir das memórias da fugitiva já em sua velhice. Numa boa estrutura narrativa, Esther – a nossa heroína – parte em busca de respostas sobre seu passado e dos seus pais mundo afora, visitando pessoas e lugares que, de uma forma ou de outra, estavam ligados àquele período.
Os desenhos seguem o tom cartunesco das escolas européias (o gibi é holandês) e embora não seja o mais original dos traços, serve muito bem a seus propósitos.
E é aí que eu esperava mais. A embalagem bonita, os desenhos bacanas e a sinopse na última capa anunciam uma ótima história. Influenciado pela leitura do momento (Che, de Oesterheld) esperava encontrar um gibi denso mas deparei-me com um ótimo álbum introdutório sobre o Holocausto, claramente destinado à crianças e adolescentes. Que fala sobre a ferida de forma honesta, mas sem explorar textualmente ou graficamente os verdadeiros horrores cometidos contra os judeus.
Os quadros são altamente explicativos, se limitando muitas vezes exclusivamente à ilustração dos textos, comprometendo o andamento da história. Por outro lado, o caminho estético adotado funciona perfeitamente ao caráter educativo da obra, a transformando numa ótima opção didática sobre a 2ª Guerra e o Holocausto.
Pecado nenhum até aí. Mas meu padrão comparativo no tema é o surpreendente Maus, de Art Spiegelman. E aí a coisa parte para o campo da covardia. Poucos gibis na história da história em quadrinhos estão no mesmo patamar que a obra de Spiegelman.
Não sei se vale os 33 paus investidos, mas se você tiver filhos entre 07 e 12 anos que curtam gibis, compre. Será uma ótima leitura para os miúdos.
E quando eles crescerem mais um pouco, mostre a eles a mais contundente história já feita sobre o Holocausto…
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